Se você já ouviu o ditado “o corpo fala”, saiba que ele é real. E infelizmente, para mulheres que sofreram assédio e/ou agressão sexual, o trauma pode se manifestar em sintomas fisiológicos com consequências terríveis.
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Um novo estudo sugere que há uma ligação com essas experiências traumáticas e pressão alta. As mulheres entrevistadas, que relataram ter sofrido tanto agressão sexual quanto assédio sexual no local de trabalho, tiveram um aumento de 21% no risco de hipertensão, um fator-chave para doenças cardíacas, segundo a “Slice”, de onde são as informações.
Embora as estatísticas mostrem que 44% das mulheres relatam agressão sexual e até 80% das mulheres relatam assédio sexual no local de trabalho, a ligação entre o trauma e a saúde da mulher não é amplamente conhecida, de acordo com a autora do estudo, Rebecca Lawn.
O estudo
A pesquisa mais recente, publicada no “Journal of the American Heart Association”, examinou mais de 33 mil enfermeiras que, em 2008, compartilharam informações sobre suas experiências com violência sexual e outros traumas.
Naquela época, a amostra — enfermeiras majoritariamente brancas e de meia-idade — também respondeu perguntas sobre transtorno de estresse pós-traumático e depressão. Sete anos depois, em 2015, os pesquisadores realizaram uma nova checagem com as mulheres, revelando que uma em cada cinco havia desenvolvido pressão alta, com as mulheres que tiveram experiência com agressão sexual e assédio sexual no local de trabalho sendo o maior risco.
Seguindo esse grupo, as mulheres que apontaram o assédio sexual no local de trabalho como sua única experiência traumática tiveram um risco 15% maior de desenvolver a doença e, por último, as mulheres que relataram ter sofrido agressão sexual tiveram um risco 11% maior de desenvolver pressão alta. do que as mulheres que não haviam tido experiências traumáticas.
Este estudo em particular não encontrou ligação entre hipertensão e outros tipos de trauma.
As memórias do corpo
Em 2019, outro estudo descobriu que o impacto dos traumas sexuais na saúde do coração foi significativo o suficiente para colocar as mulheres em risco de acidente vascular cerebral (AVC), aneurisma, doença renal, ataques cardíacos e outras doenças cardíacas. O sono também foi impactado negativamente.
Além disso, as mulheres do estudo que relataram agressão sexual eram três vezes mais propensas a relatar depressão e duas vezes mais propensas a ter maior ansiedade do que as mulheres sem trauma sexual.
O que isso significa para mulheres e para a saúde pública
Essas descobertas sugerem que, mesmo que as mulheres não discutam sobre seus traumas, seus corpos ainda registram que algo está errado, a longo prazo, com consequências potencialmente mortais.
Com a ligação entre hipertensão e trauma se tornando mais nítida, fica clara a necessidade de espaços nos quais as pacientes possam compartilhar suas experiências com essa violência, que também pode ter implicações em sua saúde mental.
Se você foi vítima de agressão ou assédio sexual, denuncie. Você pode ligar no Disque 100 — canal de denúncia da Mulher, Família e dos Direitos Humanos —, no Disque 180 — a Central de Atendimento à Mulher —, no 190 — número de telefone da Polícia Militar — ou prestar queixas em uma delegacia. Além disso, é possível realizar uma queixa através do e-mail ligue180@mdh.gov.br e do site Atende Libras, exclusivo para pessoas surdas e com deficiência auditiva.
